25.4.07

300
(ou tem louco pra tudo nesse mundo)

Vamos começar pelo Rodrigo Santoro: é, ele está mesmo com cara de destaque de escola de samba com produção do Joaosinho Trinta (x 10=300), dublado nos estúdios Herbert Richards nos áureos tempos do Six Million Dollars Man. Mas, apesar da papagaiada que nos assustou, até que seu look drag/punk se encaixa na imagem que o tal de Xerxes passa no filme: um semideus meio metrosexual e megalomaníaco. E o melhor: apesar da dublagem, acho que se saiu bem e esse papel deve render uma coisinha a mais pra ele por lá.
Bom, deixemos de lado esse overoverover look do nosso herói das telas e partamos para o filme: surpreendentemente, 300 é muito bom. Dizem os historiadores que aqui e acolá ele comete uns erros históricos mas, quer saber? Se comete, deve ter ficado melhor assim. Gosto dos gráficos, gosto dos figurinos, gosto das cores, gosto dos planos. Bem, em relação aos planos, aqui e ali me senti meio enjoado, querendo ver cinemão tradicional, enquanto Zack Snyder desfilava seu arsenal de closes e efeitos visuais. O resultado é um filme com cenas quase antológicas de batalha e algumas bizarrices. Inclusive, aquela em que Xerxes (o nosso Santoro da Beija-Flor) conversa com Leônidas e põe suas (dele) mãozonas nos ombros do reizão, é um misto de antológica com bizarra. Veja aí abaixo:
Santoro da Beija-Flor (Xerxes) conversa com as mãozinhas nos ombros de Gerard Butler (Rei Leônidas)

Mas perdoa-se as bizarrices. Afinal, ora bolas, uma das intenções do cara é transpor para a telona os quadrinhos do maluquete Frank Miller. E, na minha modestíssima opinião, o clima pegou legal. Detalhe: adorei o sangue espirrando e formando bolotas graficamente lindas na tela, sem manchar a roupa nem o chão nem fazer poças em lugar nenhum. Dá um ar meio fake e adorável.
Não sei porque exatamente, mas Gerard Butler me fez lembrar Mel Gibson de barba. Uma interpretação literalmente gritada e gritante, e apesar de eu detestar gente gritando perto de mim, achei que não dava para mostrar os cidadãos conversando baixo e pedindo “vamos ali, amiguinhos, enfrentar um mundão de gente, mas falem baixo, por favor”. Pode-se dizer, até, que 300 é um dos filmes com mais gritaria da história do cinema. Mas 300 também tem suavidade: Lena Headey faz uma linda rainha que, de certa maneira, é a mulher que todo homem queria ter na vida. Até que é bonitinha e agradável a sequência dela com ele na cama antes dele ir pro pau, digo, pra briga. E satisfaz bem a ânsia popularesca de sexo e romance no meio da sanguinolência.
Então, fiquemos assim: 300 é melhor que Tróia e Gladiador, apesar de poder se enquadrar numa categoria intermediária entre esses dois e O Senhor dos Anéis. É divertido, com uns buracos no roteiro e uma história que pode ter lá uma pixotada ou outra. Mas vale cada centavo pago no ingresso.
E eu, aqui, fico achando pelo menos mais duas coisas no meio dessas tantas aí: que vai ser muito interessante assistir 300 em DVD para depois ver os extras. E que se viver em Esparta era aquilo ali, podia até ser uma vida heróica, e coisa e tal; mas devia ser uma belíssima porcaria.

23.4.07

Finalmente...

Depois de longo e tenebroso inverno, amanhã (24) falo sobre 300.
Até lá.