10.10.07

Tarantino's Mind - Parte I

Elenco: Selton Melo, Seu Jorge
Direção: 300ml
Produtora: Hungry Man

10.9.07

O Ultimato Bourne
[ou: um é pouco, dois é bom, três é excelente]

Na remota possibilidade de que um dia minha vida se transforme em um roteiro de cinema, deixo aqui o recado: quero, na trilha da minha cinebiografia, Adiós Nonino, com Astor Piazolla, e prefiro um dos dois seguintes diretores para dirigi-la: Fernando Meirelles ou Paul Greengrass. Digo isso depois de ver o que Greengrass fez com O Ultimato Bourne, o filme que salva a idéia da moda no cinema, que são as trilogias. Ou, pelo menos, mostra que não necessariamente existe sempre a síndrome da terceira filmagem, na qual o primeiro filme é excelente, o segundo até que vai e, o terceiro, ai que sono.
Um ou outro purista vai dizer que a câmera nervosinha de Paul Greengrass devia tomar um Lexotan de vez em quando. Mas, no caso do Ultimato, deixa ela estar lá, correndo atrás de Jason Bourne mundo afora, que está muito bem. E olha que Jason Bourne corre, e muito. A Europa é uma cidade do interior de Rondônia para Bourne, que vai de Moscou para Praga, de Praga para Roma, de um lado para outro, como quem vai de casa ao centro da cidade comprar umas cuecas em promoção.
E Jason Bourne? Bem, Jason Bourne não faz gracinhas com uma granada na boca, como John Mclane, nem mata seus inimigos com uma traquitana pardaliana em uma mão enquanto passa a outra mão na bunda da oferecida de plantão, como o “old” Bond; nem tem músculos de Rambo, nem capa vermelha nem roupinha brega de super-herói. Ele, o nosso Bourne, não sabe direito quem é, nem porque faz o que faz, nem porque sabe o que sabe, nem porque tem de fugir de tanta gente.
E em o Ultimato Bourne a história desse cara meio caladão, que não dá um sorriso sequer em todo o filme, se fecha de maneira bastante verossímil (claro, dentro do que pode e deve ser verossímil no cinema) e, de forma estranhamente agradável, se fecha sem se encerrar. Tudo está bem arrumadinho no roteiro, tudo se encaixa bem gostosinhamente, e a gente até perdoa um certo ar maniqueísta na disputa entre os dois diretores da CIA: um quer matar o Bourne, e é o agente mau; a outra quer salvar o Bourne, e é a agente boa, o lado mamãe dos defensores da pátria americana. Está perdoado. O Ultimato é tão, mas tão bom de se ver, que se mexesse, estragava. Porque, se fosse absolutamente perfeito, seria um saco. A vida não é perfeita. Porque um filme de espionagem deveria ser?
A trilha. Sim, a trilha. Ao contrário de boa parte dos filmes, onde a trilha segue o ritmo da ação, aqui a trilha parece comandar a ação. Enerva, irrita, tensiona, relaxa, alegra. Tudo na hora adequada. Se não tem uma canção poderosa, daquelas que a gente sai cantando, melhor. Não é videoclipe, é cinema. E John Powell acertou a mão e fez uma trilha realmente de cinema. Que chama a atenção sem se sobrepor. Que acompanha sem ser rebocado pelo filme. Primorosa.
Li, ou vi, ou ouvi em algum lugar, que Jason Bourne não deverá entrar para a galeria definitiva dos super agentes ou dos super qualquer coisa. E que a Trilogia Bourne não será mitológica como os Rambos I, II, III, IV, V, ou os 007, ou Die Hard. Pode até ser. Mas a Trilogia Bourne e, em especial, O Ultimato Bourne, vai entrar, sim, na galeria dos filmes que não se deve perder de jeito nenhum, porque se as trilogias que estão aí costumam acabar com ar de que deviam ter parado no primeiro, mesmo, Jason Bourne se vai (até segunda ordem) dando na boca um gostinho de quero mais porque está ótimo.

Ficha Técnica

Título Original: The Bourne Ultimatum
Gênero: Ação
Tempo de Duração: 111 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2007
Site Oficial: www.thebourneultimatum.com
Hot Site: www.adorocinema.com/hotsites/bourne
Estúdio: Universal Pictures / Ludlum Entertainment / Bourne Again / The Kennedy/Marshall Company
Distribuição: Universal Pictures / UIP
Direção: Paul Greengrass
Roteiro: Tony Gilroy, Scott Z. Burns e George Nolfi, baseado em estória de Tony Gilroy e em livro de Robert Ludlum
Produção: Patrick Crowley, Frank Marshall e Paul Sandberg
Música: John Powell
Fotografia: Oliver Wood
Desenho de Produção: Peter Wenham
Direção de Arte: Grant Armstrong, Robert Cowper, Peter James, Andy Nicholson, David Swayze, Jason Knox-Johnston e Sebastian T. Krawinkel
Figurino: Shay Cunliffe
Edição: Christopher Rouse
Efeitos Especiais: The Senate Visual Effects / Snow Business / Lip Sync Post

Elenco
Matt Damon (Jason Bourne)
Julia Stiles (Nicky Parsons)
David Strathairn (Noah Vosen)
Scott Glenn (Ezra Kramer)
Paddy Considine (Simon Ross)
Edgar Ramirez (Paz)
Albert Finney (Dr. Albert Hirsch)
Joan Allen (Pamela Landy)
Tom Gallop (Tom Cronin)
Corey Johnson (Wills)
Daniel Brühl (Martin Kreutz)
Joey Ansah (Desh Bouksani)
Colin Stinton (Neal Daniels)
Dan Fredenburgh (Jimmy)
Lucy Liemann (Lucy)
Chris Cooper (Alexander Conklin)
Brian Cox (Ward Abbott)

2.7.07

Pequena Gigantesca Miss Sunshine
[ou como pode um filme mexer tanto com você?]

Eu tenho uma família "desajustada". Para ser sincero, não sei exatamente se é possível chamar minha família de “família”. Não sei se ela se encaixa bem nesse termo. Aliás, aos olhos da maioria, eu não tenho “uma família”. Ouvi isso repetidas vezes e, normalmente, nas horas mais inadequadas ou das pessoas de que menos esperava. E isso dói.
Mas, sinceramente, prefiro minha família torta à maioria das “famílias” que existem por aí, com mamãe trabalhando no Tribunal e papai regando o jardim de calção no sábado à tarde. Tenho medo de famílias felizes de comercial de margarina. Minha família, torta, estranha, maluca, desajustada, é, à sua maneira, feliz. Feliz, inclusive (ou, dependendo do ponto de vista, principalmente), pelos momentos infelizes. Pelas ausências, pelas distâncias, pelos desencontros. E felicíssima pela eterna alegria do reencontro. Minha família não acredita em sucesso, fracasso, medo, vitórias nem em nada que cheire a naftalina. Minha família só acredita nos sonhos. E todos gostam do que são, vivendo cada um ao seu jeito e, estranhamente, todos de modo muito parecido. Estranha minha família. Que não se questiona. Que quase não se vê, espalhada por toda parte. Apenas se abraça, se beija, se toca, ri muito e canta e toca violão nas poucas madrugadas em que está reunida.
Mas e o que isso tem a ver com Little Miss Sunshine? Tudo.
Eu vi minha família na Kombi amarela. Eu me vi, cada hora sentado em um lugar diferente na Kombi amarela. Eu vi os meus e os nossos sonhos. Eu vi a buzina do velho Chevette de vó Luzia na buzina disparada da Kombi amarela. Eu vi meu avô Walter. Eu vi meu pai. Eu vi minha mãe. Vi Carol, Tiano, Rodrigo, Juliana, Lutiana, Érica, Marina. Eu vi Thiago. Vi June filha e June vó, e vi Rafaela. Vi Luana, Ieda, Ieva, Iana. Juca, Ana Paula. João Cláudio. Michele e Nicole. Vi Débora. Vi Cadú, Tuca, Rodrigão. Estavam todos lá. Naquela pequena e gigantesca Kombi amarela. E, engraçado: não é que nas horas mais inesperadas estavam, todos, empurrando a bendita Kombi amarela com a buzina gritadora, fazendo ela pegar no tranco e pulando, um a um, dentro dela pra seguir viagem?
E esse, esse é o segredo para se adorar a pequena e delicada obra-prima que é Pequena Miss Sunshine: é ver a Kombi amarela parar e parecer que vai dar tudo errado. É ver todos empurrando a Kombi, e todos pulando dentro dela, e todos seguindo em frente. É ver, naquela Kombi, naquele mundo que é a Kombi amarela de Little Miss Sunshine, os nossos. Cada um no seu mundo. Cada um com seus defeitos, seus erros e suas pequenas imbecilidades. Todos loosers aparentes. Mas, todos, na velha Kombi amarela com a buzina disparada.
Engano seu, cára-pálida: looser é o babaca que acredita em família perfeita e quatro sobrenomes na carteira de identidade. Família perfeita, família "ajustada" é, das duas, uma: hipocrisia coletiva ou cegueira voluntária.

Ficha Técnica
Título Original: Little Miss Sunshine
Gênero: Comédia
Tempo de Duração: 101 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2006
Site Oficial: www2.foxsearchlight.com/littlemisssunshine
Estúdio: Deep River Productions / Bona Fide Productions / Big Beach Films / Third Gear Productions LLC
Distribuição: Fox Searchlight Pictures
Direção: Jonathan Dayton e Valerie Faris
Roteiro: Michael Arndt
Produção: Albert Berger, David T. Friendly, Peter Saraf, Marc Turtletaub e Ron Yerxa
Música: Mychael Danna e Devotchka
Fotografia: Tim Suhrstedt
Desenho de Produção: Kalina Ivanov
Direção de Arte: Alan E. Muraoka
Figurino: Nancy Steiner
Edição: Pamela Martin
Efeitos Especiais: LOOK! Effects Inc.

Elenco
Abigail Breslin (Olive)
Greg Kinnear (Richard)
Paul Dano (Dwayne)
Alan Arkin (Avô)
Toni Collette (Sheryl)
Steve Carell (Frank)

6.6.07

Sala de Vídeo do Salipi tem Super 8

Seguinte...
Quinta-feira, dia 7, feriado de Corpus Christi, tem sessão especial na Sala de Vídeo do Salão do Livro do Piauí - SALIPI, onde este reles é coordenador.
Em exibição filmes produzidos nos anos 70 por gente como Torquato Neto, Xico Pereira, Durvalino Filho, e ainda Nosferatu no Brasil, filme símbolo do experimentalismo dessa geração.
As sessões, GRATUITAS, DE GRÁTIS, zerooitocentos, acontecem às 9 da manhã, ãs 3 da tarde e às seis e meia da noite. Em exibição os seguintes filmes:

o NOSFERATU NO BRASIL - Ivan Cardoso
o TERROR DA VERMELHA - Torquato Neto
o MISS DORA - Edmar Oliveira
o DAVID A GUIAR - Durvalino Filho
o CORAÇÃO MATERNO - Haroldo Barradas
o TUPI NIQUIM - Xico Pereira
o PORENQUANTO - Carlos Galvão

Além desses filmes, originalmente produzidos em Super 8, vai ser exibido UM INVENTÁRIO EM SUPER 8 (breve documentário produzido por Isana Barbosa e Ramyro Leal a respeito dessa que estamos apelidando, por enquanto, de Geração Super 8).
Vale a pena.
Torquato Neto "nosferateando" Scarlet Moon, no Rio de Janeiro, em 1971.

30.5.07

Aviso 2

Estou atrasado, estou a atrasado!
(mas vou me colocar em dia, até amanhã!)

15.5.07

Little Children
[porque "Pecados Íntimos" é um péssimo título]

Antes de mais nada e pra começo de tudo, vamos combinar: vou tratar Little Children, aqui, como Little Children, e esquecer desse “Pecados Íntimos” que algum gênio inventou de colocar como título do filme. Na verdade, acho que esse tipo de coisa é como mandar para os Estados Unidos a Aquarela do Brasil com o nome de “Esse coqueiro que dá coco”, ou coisa que o valha. E tenho dito.
Então tá. Little Children é um filme para adultos. Não porque apareçam os peitos da Kate Winslet, ou a bunda do Patrick Wilson, ou os olhos da Jennifer Connely ou sexo em cima da máquina de lavar roupa, ou traição ou sangue e porrada na madrugada. Nada disso. Little Children é um filme adulto porque mostra coisas, pessoas, situações e principalmente sentimentos que só quem já viveu pode entender por inteiro. Moralismo, hipocrisia, medo, insatisfação, insegurança, paixão, amor, desejo, desajuste, dúvidas, certezas, vontades.
Cada personagem de Little Children tem e é um mundo próprio, e cada personagem de Little Children cabe perfeitamente no nosso mundo e é um pedacinho de quem nós realmente somos.
Little Children deve mesmo se chamar Little Children, porque de alguma maneira mostra o quanto todos nós somos e devemos continuar sendo crianças pelo resto da vida, porque o que a gente traz dentro da gente nada mais é do que uma puta vontade de satisfazer todas as nossas vontades, como quando éramos crianças. Porque por mais fodões e machões e mulherões que sejamos, tem um serzinho de dois anos de idade dentro da gente doido pra abrir o berreiro e pedir colo e pegar no pipiu pra sentir cosquinha e subir no sofá da sala pra dançar a macarena e ganhar o próximo torneio de queimada na escola porque isso, sim, é o que mais existe de importante na vida.
Kate Winslet cada vez mais se candidata a Meryl Streep, com a nada desprezível vantagem de ser mais bonita. Patrick Wilson se encaixou bem no papel, e Jennifer Connely nem precisou mostrar mais do que os olhos e o sorriso para ficar deslumbrante. Gregg Edelman é o marido punheteiro de Kate Winslet, e começa dando um tom ao mesmo tempo hilário, dramático, verdadeiro e patético ao seu personagem e seu casamento, como tantos, aliás, existem por aí. Depois, some. Vale lembrar o pedófilo excelentemente interpretado por Jackie Earle Haley que, vamos ser honestos, deixa a gente com uma pequena mas coçante pulguinha atrás da orelha: olhando bem de perto ou mais de longe nossos prazeres, não seremos todos uns maníacos?
Little Children, se para ser um clássico precisa comer um bocado mais de feijão, é um filme, digamos, instigante. Mais um daqueles bem do jeito que eu, particularmente, gosto muito: que me fazem ir para casa pensando na vida, nas relações, nas pessoas que me cercam e nas pequenas verdades e nos pequenos pecados e nas grandes e pequenas alegrias e tristezas que a vida nos traz. E no quanto somos, todos, pequenas crianças acreditando ser adultos resolvidos, seguros, geniais.
Caramba, como somos tolos.

Ficha Técnica
Título Original: Little Children
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 130 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2006
Site Oficial: www.littlechildrenmovie.com
Estúdio: New Line Cinema / Standard Film Company Inc. / Bona Fide Productions
Distribuição: New Line Cinema / Warner Bros. / PlayArte
Direção: Todd Field
Roteiro: Tom Perrotta e Todd Field, baseado em livro de Tom Perrotta
Produção: Albert Berger, Todd Field e Ron Yerxa
Música: Thomas Newman
Fotografia: Antonio Calvache
Desenho de Produção: David Gropman
Direção de Arte: John Kasarda
Edição: Leo Trombetta

Elenco

Kate Winslet (Sarah Pierce)
Patrick Wilson (Brad Adamson)
Jennifer Connelly (Kathy Adamson)
Gregg Edelman (Richard Pierce)
Sadie Goldstein (Lucy Pierce)
Ty Simpkins (Aaron Adamson)
Noah Emmerich (Larry Hedges)
Jackie Earle Haley (Ronald James McGorvey)
Phyllis Somerville (May McGorvey)
Raymond J. Barry (Bullhorn Bob)
Helen Carey (Jean)
Jane Adams (Sheila)
Trini Alvarado (Theresa)
Sarah Buxton (Carla)
Chadwick Brown (Tony Corrente)

25.4.07

300
(ou tem louco pra tudo nesse mundo)

Vamos começar pelo Rodrigo Santoro: é, ele está mesmo com cara de destaque de escola de samba com produção do Joaosinho Trinta (x 10=300), dublado nos estúdios Herbert Richards nos áureos tempos do Six Million Dollars Man. Mas, apesar da papagaiada que nos assustou, até que seu look drag/punk se encaixa na imagem que o tal de Xerxes passa no filme: um semideus meio metrosexual e megalomaníaco. E o melhor: apesar da dublagem, acho que se saiu bem e esse papel deve render uma coisinha a mais pra ele por lá.
Bom, deixemos de lado esse overoverover look do nosso herói das telas e partamos para o filme: surpreendentemente, 300 é muito bom. Dizem os historiadores que aqui e acolá ele comete uns erros históricos mas, quer saber? Se comete, deve ter ficado melhor assim. Gosto dos gráficos, gosto dos figurinos, gosto das cores, gosto dos planos. Bem, em relação aos planos, aqui e ali me senti meio enjoado, querendo ver cinemão tradicional, enquanto Zack Snyder desfilava seu arsenal de closes e efeitos visuais. O resultado é um filme com cenas quase antológicas de batalha e algumas bizarrices. Inclusive, aquela em que Xerxes (o nosso Santoro da Beija-Flor) conversa com Leônidas e põe suas (dele) mãozonas nos ombros do reizão, é um misto de antológica com bizarra. Veja aí abaixo:
Santoro da Beija-Flor (Xerxes) conversa com as mãozinhas nos ombros de Gerard Butler (Rei Leônidas)

Mas perdoa-se as bizarrices. Afinal, ora bolas, uma das intenções do cara é transpor para a telona os quadrinhos do maluquete Frank Miller. E, na minha modestíssima opinião, o clima pegou legal. Detalhe: adorei o sangue espirrando e formando bolotas graficamente lindas na tela, sem manchar a roupa nem o chão nem fazer poças em lugar nenhum. Dá um ar meio fake e adorável.
Não sei porque exatamente, mas Gerard Butler me fez lembrar Mel Gibson de barba. Uma interpretação literalmente gritada e gritante, e apesar de eu detestar gente gritando perto de mim, achei que não dava para mostrar os cidadãos conversando baixo e pedindo “vamos ali, amiguinhos, enfrentar um mundão de gente, mas falem baixo, por favor”. Pode-se dizer, até, que 300 é um dos filmes com mais gritaria da história do cinema. Mas 300 também tem suavidade: Lena Headey faz uma linda rainha que, de certa maneira, é a mulher que todo homem queria ter na vida. Até que é bonitinha e agradável a sequência dela com ele na cama antes dele ir pro pau, digo, pra briga. E satisfaz bem a ânsia popularesca de sexo e romance no meio da sanguinolência.
Então, fiquemos assim: 300 é melhor que Tróia e Gladiador, apesar de poder se enquadrar numa categoria intermediária entre esses dois e O Senhor dos Anéis. É divertido, com uns buracos no roteiro e uma história que pode ter lá uma pixotada ou outra. Mas vale cada centavo pago no ingresso.
E eu, aqui, fico achando pelo menos mais duas coisas no meio dessas tantas aí: que vai ser muito interessante assistir 300 em DVD para depois ver os extras. E que se viver em Esparta era aquilo ali, podia até ser uma vida heróica, e coisa e tal; mas devia ser uma belíssima porcaria.

23.4.07

Finalmente...

Depois de longo e tenebroso inverno, amanhã (24) falo sobre 300.
Até lá.

27.3.07

Cidade de Deus
[ou momento tiete por causa da tv]
[ou ainda Dezinho é o caralho, meu nome é Zé Pequeno]
Não é preciso falar mais nada sobre esse filme sobre o qual já se falou tudo, a não ser que cada vez que a gente assiste dá um aperto no peito e a gente olha pela janela e vê quantos Zé Pequeno (qual o plural de Zé Pequeno? Zés Pequenos? Zé Pequenos?)andam aos montes por aí.
Várias vezes por ano eu queria ser Fernando Meirelles.
A Rainha
[ou desculpem o atraso, voltamos à nossa programação anormal]
Vamos fazer assim: a Helen Mirren está ótima e aqui e ali faz a gente pensar que Elizabeth não existe e, sim, existe uma Helen Mirren no trono real-real. Tá certo, o Michael Sheen faz um Tony Blair interessante, apesar de aqui e ali achar ele parecido com o Mr. Bean, talvez pelo formato do nariz, e pela insistência em mostrá-lo no aconchego do seu/dele lar vestindo camisa de time de futebol e com a mulher cozinhando; uma espécie de Lula que não fala “menas” e com oportunismo digno de Romário na pequena área das relações com o povo. Tá certo, o roteiro é bacaninha, apesar de parecer às vezes que a gente está assistindo a uma série produzida pela BBC. Mas o nome do filme deveria ser A Princesa, porque o que impressiona mesmo é a força do carisma da Diana, e nenhuma imagem é mais forte que as imagens reais (isso daria um trocadilho, mas não é) que mostram a paixão desse estranhíssimo povo inglês por uma mulher que, mesmo sem ter feito grandes coisas realmente úteis na vida conseguiu realizar algumas grandes proezas: entrar para a história por ter conseguido fazer uma monarquia cintura dura ter de rebolar, ser linda, carismática, amada pelo mundo inteiro e mesmo assim ser trocada por uma mulher feia igual à mãe da miséria por um príncipe obcecado por tampax, e ainda morrer em Paris (invejo quem morre em Paris) ao lado de um playboy careca, gordo e, convenhamos, rico mas brega de doer.
A cena do cervo é um tanto piegas e, convenhamos de novo, associar aquele veadinho com o que lady Di simbolizava foi um pouco forçar a barra. Enfim, Charles é um banana, Philipp é um idiota, a rainha-mãe é pândega e, se as coisas tivessem acontecido mais ou menos como aparece em A Rainha, não seria de todo inverossímil. O Oscar para Helen Mirren pode até ter sido merecido. Mas quem chama mesmo, de verdade, a atenção, é a finada. Fodona era a Princesa. Apesar de tudo. Ou do nada.

Ficha Técnica
Título Original: The Queen
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 97 minutos
Ano de Lançamento (Inglaterra / França / Itália): 2006
Site Oficial: www.thequeen-movie.com
Estúdio: Canal+ / France 3 Cinéma / BIM Distribuzione / Granada Film Productions / Pathé Pictures International / Scott Rudin Productions
Distribuição: Miramax Films / Europa Filmes
Direção: Stephen Frears
Roteiro: Peter Morgan
Produção: Andy Harries, Christine Langan e Tracey Seaward
Música: Alexandre Desplat
Fotografia: Affonso Beato
Desenho de Produção: Alan MacDonald
Figurino: Consolata Boyle
Edição: Lucia Zucchetti

Elenco
Helen Mirren (Rainha Elizabeth II)
Michael Sheen (Tony Blair)
James Cromwell (Príncipe Philip)
Sylvia Syms (Rainha-mãe)
Paul Barrett (Trevor Rees-Jones)
Helen McCrory (Cherie Blair)
Forbes KB

20.3.07

Aviso
Amanhã, 21, tem post.
A Rainha ou Apocalypto.
Aceito sugestões.

27.2.07

Babel
[ou vivemos todos em um grande deserto]


O velho Rosa, na verdade o desde sempre moderníssimo Guimarães, disse que “o sertão está em toda parte”.
Longe de mim qualquer comparação com o incomparável. Mas de certa maneira dá para dizer que Alejandro González Iñarritu brinca de Guimarães Rosa e mostra que o deserto também está em toda parte. O deserto está no Marrocos, o deserto está no México, o deserto está num lar americano, o deserto está numa Tóquio abarrotada de gente. Porque o deserto está dentro de cada um de nós.
Babel, assim como Amores Brutos e 21 Gramas, é perturbador e contraditório. Não sei dizer de qual gosto ou desgosto mais. Toda a algo pretensiosa trilogia de Iñarritu sobre as dores e angústias consegue ser ao mesmo tempo angustiante e cativante.
Em Babel, um rifle distrai nossa atenção fazendo com que pensemos que é ele, essencialmente um objeto inanimado, que mexe com a vida de todos e liga as quatro histórias do filme. Não é verdade. O que une as quatro pontas é a solidão. A solidão do marido no meio do deserto do Marrocos com a mulher (com quem estava tendo problemas de relacionamento) baleada por um tiro disparado por um menino, que vive com a família no mesmo deserto, repleto de solidões de todos os tipos. A solidão, conhecidíssima de todos nós, da adolescente japonesa que vive em um dos lugares mais frenéticos do mundo e está completamente só, isolada pela dificuldade em se aceitar, em se comunicar e em se relacionar com um pai visivelmente solitário, que em uma viagem ao Marrocos deu de presente ao guia o rifle que começou toda a história. A solidão da babá mexicana que cuida dos filhos do casal americano, e está presa no deserto da ilegalidade, da intolerância e do preconceito pela sua origem. Interessante perceber que todas as cenas capitais de Babel se passam mesmo no deserto. Sim, porque a cena da menina japonesa na danceteria mostra o deserto, o silêncio, o vazio, no meio da multidão e da profusão de cores. A cena da boate mostra, com o silêncio de Chieko, a essência da solidão dos tempos modernos.
Iñarritu fecha muito bem a sua trilogia, e sobre Crash, para muitos um filme com a mesma lógica e raciocínio, leva a vantagem de deixar as histórias em aberto, sem apelar para julgamentos fáceis de é bonzinho/é malvado/é imoral/é o amor, e pode-se afirmar quase que sem medo que foi isso, a “moral da história” no fim de Crash, que lhe garantiu o Oscar que, se Crash levou, Babel merecia muito mais.
Babel não é um filme fácil. Não dá pra sair do cinema dizendo que ele é isso ou ele é aquilo. Babel é um filme que se leva dentro da gente, e que funciona se a gente o remói, e se questiona e observa o dia a dia. É aí que ele fica bom.
E Iñarritu, que afirma que Babel é um filme sobre o que nos une e não sobre o que nos separa, acerta e erra, ao mesmo tempo, em sua afirmação. Porque o que nos une, a todos, é o deserto. O mesmo deserto que nos separa.

Ficha Técnica
Título Original: Babel
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 142 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2006
Estúdio: Dune Films / Zeta Film / Anonymous Content
Distribuição: Paramount Vantage / UIP
Direção: Alejandro González-Iñárritu
Roteiro: Guillermo Arriaga, baseado em idéia de Guillermo Arriaga e Alejandro González Iñárritu
Produção: Steve Golin, Alejandro González Iñárritu e Jon Kilik
Música: Gustavo Santaolalla
Fotografia: Rodrigo Prieto
Desenho de Produção: Brigitte Broch
Direção de Arte: Rika Nakanishi
Figurino: Michael Wilkinson
Edição: Douglas Crise e Stephen Mirrione
Efeitos Especiais: Intelligent Creatures Inc. / Lola Visual Effects

Elenco
Cate Blanchett (Susan)
Brad Pitt (Richard)
Gael García Bernal (Santiago)
Jamie McBride (Bill)
Kôji Yakusho (Yasujiro)
Lynsey Beauchamp (Isabel)
Nathan Gamble (Mike)
Adriana Barraza (Amelia)
Elle Fanning (Debbie)
Rinko Kikuchi (Chieko)
Aaron D. Spears (Oficial Lance)
Boubker Ait El Caid (Youssef)
Said Tarchani (Ahmed)
Clifton Collins Jr. (Policial)
Michael Pena (John)
Jamie McBride (Bill)

26.2.07

sei, sei...
estou atrasado com o Babel e com o Oscar...
eu sei, eu sei!
venho já.

12.2.07

O Amor Não Tira Férias
[ou mulher é bicho esquisito]



A melhor tradução do que é “O Amor Não tira Férias” está em dois momentos vividos no cinema durante o filme.
Momento 1: Jude Law se declara apaixonado para Cameron Diaz. Uma moça atrás de mim diz em tom meloso “ah, eu quero um desses pra mim”. Momento 2: Cameron Diaz resolve voltar para a casa de Kate Winslet (não, não vou explicar muito pra não atrapalhar quem ainda não viu) e encontra Jude Law desabando em lágrimas. Resultado: 4 entre 5 mulheres soltam um “oooooooooooooooooooh” digno de quem encontra um cachorrinho recém-nascido perdido no quintal.
É isso. O Amor Não Tira Férias é um filme mulherzinha. Nos Estados Unidos, chamam de “chick flick”. Não é necessariamente bom, nem necessariamente ruim. É assim, feito para as mulheres casadas ou “comprometidas” olharem para o lado e dizerem “viu, como o amor é lindo, o Jude Law é lindo, a Inglaterra é linda e você é um barrigudo grosso e pobretão”? Ou para as solteirinhas irem para casa e acenderem uma vela pra Santo Antônio (se é que ainda fazem isso) e pedirem um Jude Law, abandonado numa cestinha na porta de casa. E, para quem se dirige, funciona.
Law é Graham (papel que deveria ser de Hugh Grant, o que, na prática, daria na mesma), irmão de Íris (Winslet), que mora numa cidadezinha perto de Londres. Amanda (Diaz), mora em Los Angeles e tem uma produtora de trailers para cinema. Íris é jornalista e tem uma vida simples, digamos assim. Amanda é cheia da grana, e mora numa mansão na Sunset Boulevard. Íris tem um relacionamento fracassado com Jasper, que fica noivo de outra, e Amanda descobre que o marido/namorado tem um caso. Pela internet, as duas trocam de casa: Amanda vai para casa de Íris, e Íris vai para casa de Amanda.
O resto é a fórmula-filme-para-mulher: elas descobrem o quanto eram infelizes, entendem que eram envolvidas com machões safados e sem a menor sensibilidade, descobrem uma nova vida, descobrem novos amigos perfeitos, novos amores perfeitos, em lugares de sonho, e todos acabam felizes e unidos pelos laços da amizade e do amor, na noite de reveillon. Pareci machista? Desculpe, não era a intenção. É que os roteiristas pensam mais ou menos assim, mesmo. Porque é uma fórmula, sabe? E, nessa fórmula, Nancy Meyers, diretora e roteirista, vem se especializando. Competente, segura a barra, sem grandes arroubos criativos. Até porque não era pra tê-los, mesmo, já que a fórmula chick flick, em tese, não permite que eles existam.
Ponto para as referências ao cinema, com trilhas citadas e a ponta, na verdade uma micro-ponta, de Dustin Hoffmann. Ah, tem ainda o Jack Black, que nunca conseguiu me agradar, e continuou sem me agradar, apesar de seu personagem ter se dado muito bem no final.
Então, ficamos assim: a mensagem que fica quando O Amor Não Tira Férias acaba é que você, mulher moderna, linda, profissional talentosa e descolada, pode ser moderna, descolada, linda como Kate Winslet ou Cameronz Diaz, brilhante em sua profissão e rica. Mas tudo o que você quer, mesmo, é um príncipe encantado, um homem pra chamar de seu, que preencha sua vida com muito amor, carinho e compreensão, e que é impossível ser feliz sem que um desses passe o braço musculoso, pero sensível, pelas suas costas, no meio da madrugada.

Ficha Técnica
Título Original: The Holiday
Gênero: Comédia Romântica
Tempo de Duração: 138 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2006
Site Oficial: www.sonypictures.com/movies/theholiday
Estúdio: Columbia Pictures Corporation / Universal Pictures / Waverly Films / Relativity Media
Distribuição: Sony Pictures Entertainment / Columbia Pictures / Universal Studios Inc. / UIP
Direção: Nancy Meyers
Roteiro: Nancy Meyers
Produção: Bruce A. Block e Nancy Meyers
Música: Hans Zimmer
Fotografia: Dean Cundey
Desenho de Produção: Jon Hutman
Direção de Arte: Dan Webster
Figurino: Marlene Stewart
Edição: Joe Hutshing
Efeitos Especiais: Snow Business International / Furious FX

Elenco

Cameron Diaz (Amanda Woods)
Kate Winslet (Iris Simpkins)
Jude Law (Graham)
Jack Black (Miles)
Eli Wallach (Arthur Abbott)
Edward Burns (Ethan)
Rufus Sewell (Jasper)
Miffy Englefield (Sophie)
Emma Pritchard (Olivia)
Sarah Parish (Hannah)
Shannyn Sossamon (Maggie)
Bill Macy (Ernie)
Shelley Berman (Norman)
Kathryn Hahn (Bristol)
John Krasinski (Ben)
Hope Riley (Sarah Smith-Alcott)
Gilbert Esquivel (Jesus)
Dustin Hoffman
Lindsay Lohan
James Franco

24.1.07

Vôo 93
[ou eles pelo menos escolheram o café da manhã e não comeram maxi-goiabinha]


Muito provavelmente Paul Greengrass não vai ganhar o Oscar de Melhor Direção, nem Vôo 93 vai ganhar o Oscar de Melhor Edição, o que implica em que não deve levar nenhum Oscar já que foi indicado só para essas duas "estatuetas"" (detesto falar estatuetas). Mas a direção do Greengrass (engraçado o cara se chamar grama verde) é talvez a coisa mais interessante do filme. Por ir nos levando de uma tranquila e comum e calma e quase desprezível manhã de 11 de setembro para uma sequência de surpresas e tensões que termina de forma abrupta, tão abrupta quanto pode ser a queda de um avião e o fim da vida de seus passageiros.
Vôo 93 não tem tomadas abertas, nem longas, nem trilhas melosas. É 99,9% feito dentro de ambientes fechados, claustrofóbicos. Não custa lembrar que fala do dia dos passageiros e dos controladores de vôo, ou seja, de gente que estava trancafiada enquanto o mundo ou, pelo menos, o WTC caía lá fora. Assim, a direção e a edição foram extremamente competentes pelo ambiente, digamos, inóspito. Se não valem o Oscar, valem, com mérito, as indicações.
Engraçado que em Vôo 93 a gente vai torcendo pelos passageiros. O que, na prática, pode ser comparado a torcer por Gana na Copa do Mundo. Ou seja, todo mundo sabe o final mas torce mesmo assim. Não percebi grandes arroubos ufanistas dos donos do mundo, inclusive não me lembro de ter visto a bandeira americana em nenhuma cena. Claro, não deixa de ter lá seu cunho político, afinal dá aqui e ali uma espetadela na incompetência ou despreparo da super potência que levou séculos para perceber o que estava acontecendo e reagir de alguma maneira. Na cara e no silêncio de todos no momento em que o segundo avião bate no World Trade Center, ao vivo pela CNN, a gente percebe o quanto tudo foi surpreendente e, de certa forma, entende tanta confusão.
Gosto também da forma como foram retratados os terroristas, com dúvidas, medos e uma dosezinha de insegurança. Não se tentou julgar nem condenar os caras, até porque seus gestos falam por eles mesmos.
A gente não sabe nem nunca vai saber exatamente o que aconteceu naquele avião. Mas Vôo 93 não deixa de ser um bom exercício, e apesar de ser inevitável que por causa dele muita gente pense que os passageiros foram grandes heróis e que chegaram a merecer um memorial que custou 1,5 milhão de dólares, doados pelos produtores do filme, a verdade é: o que os passageiros fizeram, depois de superarem o pavor e descobrirem que os terroristas tinham uma bomba falsa e uma faquinha de plástico, foi tentar tirar o deles da reta. Como deveria ser, mesmo.
Ou você, lá dentro, ia pensar em outra coisa?

Ficha Técnica
Título Original: United 93
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 111 minutos
Ano de Lançamento (EUA / Inglaterra / França): 2006
Site Oficial: www.united93movie.com
Estúdio: Universal Pictures / Working Title Films / Studio Canal / Sidney Kimmel Entertainment
Distribuição: Universal Pictures / UIP / Buena Vista International
Direção: Paul Greengrass
Roteiro: Paul Greengrass
Produção: Tim Bevan, Eric Fellner e Lloyd Levin
Música: John Powell
Fotografia: Barry Ackroyd
Desenho de Produção: Dominic Watkins
Direção de Arte: Romek Delmata e Joanna Foley
Figurino: Dinah Collin
Edição: Clare Douglas, Richard Pearson e Christopher Rouse
Efeitos Especiais: Baseblack / Cine Image Film Opticals Ltda. / Machine / The Senate Visual Effects Limited / Lip Sync Post

Elenco
Christian Clemenson (Thomas E. Burnett Jr.)
Trish Gates (Sandra Bradshaw)
Polly Adams (Deborah Welsh)
Cheyenne Jackson (Mark Bingham)
Opal Alladin (CeeCee Lyles)
Gary Commock (Oficial LeRoy Homer)
Nancy McDoniel (Lorraine G. Bay)
David Alan Basche (Todd Beamer)
Richard Bekins (William Joseph Cashman)
Susan Blommaert (Jane Folger)
Ray Charleson (Joseph DeLuca)
Liza Colón-Zayas (Waleska Martinez)
Lorna Dallas (Linda Gronlund)
Denny Dillon (Colleen Fraser)
Triestre Kelly Dunn (Deora Frances Bodley)
Kate Jennings Grant (Lauren Catuzzi Grandcolas)
Peter Hermann (Jeremy Glick)
Tara Hugo (Kristin White Gould)
Marceline Hugot (Georgine Rose Corrigan)
Starla Benford (Wanda Anita Green)
Joe Jamrog (John Talignani)
Corey Johnson (Lous J. Nacke, II)
Masato Kamo (Toshiya Kuge)
Becky London (Jean Headley Peterson)
Tom O'Rourke (Donald Peterson)
Simon Poland (Alan Anthony Beaven)
Lewis Alsamari (Saeed Al Ghamdi)
Omar Berdouni (Ahmed Al Haznawi)
Jamie Harding (Ahmed Al Nami)
O Cavaleiro Didi e a Princesa Lili
[ou bomba, bomba, bomba!]



Olha, desculpe aí...
Vamos desconsiderar a cena onde o rei da Landnóvia morre três ou quatro vezes e consegue arrancar um sorriso pela boa piada e os velhos trejeitos de Renato Aragão, melhor amigo e cavalariço do tal rei. Não que seja muito divertido, mas é, certamente,o único momento do filme onde se percebe o mínimo de inteligência e capacidade de fazer rir e, com um pouco de boa vontade e lembranças de infância (bem infância) de Didi, Dedé, Mussum e Zacarias, é possivel dar um sorriso, amarelo e disfarçado.
O resto, todo o resto, incluindo as interpretações, os cenários, o moralismo fake, a direção, a filha do Renato Aragão, o roteiro, a edição, a trilha, o argumento, tudo, tudo, tudo, é constrangedoramente ruim.
Por favor, não venha me dizer que o filme é para crianças, e todo aquele blá blá blá. Carros também é, a Era do Gelo também é, A Fantástica Fábrica é, Cinderela também é, milhares de outros também são e até mesmo toda a vida cinematográfica de Didi e dos Trapalhões era, e eu os vi quase todos.
Alugue um Dvd dos Teletubbies que vale mais a pena.

Ficha Técnica
Título Original: O Cavaleiro Didi e a Princesa Lili
Gênero: Infantil (existe algum gênero abaixo?)
Tempo de Duração: uma eternidade
Ano de Lançamento (Brasil): 2006
Estúdio: Diler & Associados
Direção: Marcus Figueiredo (desastrosa, amadora, ridícula)
Roteiro: Renato Aragão, Paulo Cursino, Mauro Wilson e Marcus Figueiredo, baseado em estória original de Renato Aragão
Produção: Diler Trindade
Fotografia: Cézar Moraes
Desenho de Produção: Ana Schlee
Direção de Arte: Paulo Flaksman
Figurino: Maria Diaz

Elenco
Renato Aragão (Didi) (péssimo)
Lívian Taranto Aragão (Princesa Lili - criança)-(péssima x3)
Camila Rodrigues (Princesa Lili - adulta)-(ruim)
Matheus Massaafferri (Juan - criança)-(coitadinho do menino)
Guilherme Berenguer (Juan - adulto)-(ruim)
Vera Holtz (Rainha Valentina)-(ela não merecia, é tão simpática)
Werner Schünemann (Rei Lindolfo)-(ruim demais)
Eike Duarte (Galante - criança) - (péssimo e, talvez até por isso, o melhor)
Paulo Nigro (Galante - adulto)- (péssimo)
Sérgio Mamberti (Sacerdote)- (acredite, até ele está ruim)
Alexandre Zachia (Jafar)- (ridículo, mas, pelo visto, a pedidos)

23.1.07

Framboesa de Ouro

Framboesa de Ouro é um troféu dado aos piores do cinema. Um Oscar às avessas.
Sharon Stone concorre este ano, em pelo menos duas categorias.
Seu par de seios concorre na categoria "Pior Dupla Em Cena".
E ela, Sharon Stone, também é favorita ao Framboesa de Pior Atriz.
Seu filme Basic Instint 2 concorre a Pior Filme, assm como A Dama Na Água, de M. Night Shyamalan.
Entre os concorrentes a Pior Diretor: Ron Howard, de Código da Vinci, Shyamalan, por A Dama na Água e, claro, Michael Caton Jones, por Basic Instint 2.
Veja o site aqui.

4.1.07

Cassino Royale
[ou e não é que o cara conseguiu?]


Tire todos os pés que, porventura, você esteja deixando atrás em relação ao novo Bond, James Bond.
Daniel Craig, apesar de ter mais cara de agente checheno do que de servo de Sua Majestade, é o melhor de todos os Bonds, James Bonds. Pelo menos, até que apareça o próximo. Não, não esqueci de Sean Connery. Perdoe a heresia, mas Daniel Craig, com suas orelhinhas de abano, depois de 10 minutos não nos deixa mais imaginar como seria se estivessem no lugar dele os Bonds, James Bonds anteriores. Não mesmo.
Sir Connery foi o Bond, James Bond, que fez de 007 o cara que todos nós, homens com mais de 30, pelo menos, queríamos ser. Mas olhando agora, 44 anos depois e depois de Connery, George Lazenby, Roger Moore, Timotyh Dalton e Pierce Brosnan, percebemos que os Bonds, James Bonds anteriores eram, na verdade, uns almofadinhas metrossexuais que só ganhavam as mais frívolas mulheres, andavam em carrinhos totalmente nouveau-riche e eram, convenhamos, cercados de parafernálias mais dignas do bom e velho Maxwell Smart do que um espião de verdade. Eram muito mais Chiquinhos Scarpa com um trabuco na mão do que, exatamente, agentes especiais com licença para matar.
O novo Bond, James Bond, é real. É meio feio, com um beicinho estranho. Usa smoking mas, como todo homem de verdade, não parece muito à vontade fantasiado de garçon de castelo de vampiro. É cínico na medida certa, aquele cinismo que parece não ultrapassar a linha amarela da cafajestagem. Sem caras e bocas como Roger Moore. Menos canastrão que Brosnan. E, melhor de tudo, bem próximo de nós, homens de verdade, porque faz uma ou duas belas cagadas e, depois, dá um jeito de consertar tudo. E porque Bond, James Bond, ama. E sofre. Bom, melhor nem lembrar do sofrimento imposto aos seus (dele) países baixos porque, confesso, só sofri desse jeito num filme quando vi A Paixão, de Gibson. Homens, preparem-se, porque tem uma hora lá que todos sentem a mesma dor que ele. E como dói, viu?
Vesper é a melhor de todas as Bond Girls. Apesar de uma beleza rara, é dúbia. Não se trata de joguinho “sou boa e boa/sou boa e má pra caramba”. É dúbia porque também deixa de ser só mais uma Bond Girl gostosona e, a certa altura de Cassino Royale, mostra que é mulher de verdade, e não uma deusa semipelada. Vesper, com os belos olhos de Eva Green, também sofre.
Cassino Royale tem talvez a melhor sequência de ação de todos os zerozerosetes. Logo no início. Daquelas que a gente olha, ri, torce, tem vontade de aplaudir mas fica com vergonha, diz “ah, que mentira” mas, no final, não se sente enganado. Aproveite, porque é a única sequência que, de alguma forma, remete aos Bonds, James Bonds anteriores. Porque, daí pra frente, não há mais grandes exageros. Há um bom filme. Há um muito de humanidade nele. Aliás, tão humano que, em Cassino Royale James Bond morre. Certo, certo, mas é por poucos segundos. Desculpe o anti-clímax, mas não resisti.
Ia esquecendo do vilão. Inevitável associar o nome dele, Le Chiffre, ao imaginário popular. Um bom vilão. Como todos em Cassino Royale, fraqueja e, de certa maneira, mistura maldade com covardia. Le Chiffre é um vilão covarde. Também, coitado, com esse nome, até eu. Rá, rá, rá! Hum... Certo, fim da piada.
Enfim, Cassino Royale é o renascimento de Bond, James Bond. Bem mais adaptado à nossa época, mais verossímil, mais divertido, mais macho, menos mauricinho, o Bond, James Bond de Daniel Craig deixa de ser só aquele cara que todos nós um dia, em delirius-mauricinicus, quisemos ser. E passa a ser um cara que, na verdade, todos nós somos: nem lindos nem feios, nem machos ignóbeis nem gênios arrogantes, nem cafajestes inatos nem anjos de pureza e charme. Tá certo, ele é tudo isso e ainda tem os iates, a grana, o revolvão. Mas o que ele mais queria, de verdade, “do fundo d´alma” ele perde. Não te lembra alguém?
O Bond, James Bond de Daniel Craig é tão Bond, James Bond, que nem precisa se apresentar: em nenhum momento de Cassino Royale ele diz “my name is Bond, James Bond”.
Porque ele, simplesmente, é James Bond. Não precisa convencer ninguém disso.

Ficha Técnica
Título Original: Casino Royale
Gênero: Aventura
Tempo de Duração: 144 minutos
Ano de Lançamento (EUA / Inglaterra / República Tcheca): 2006
Site Oficial: www.007cassinoroyale.com.br
Estúdio: MGM / United Artists / Danjaq / Stillking Films / Eon Productions Ltd. / Columbia Pictures
Distribuição: Sony Pictures Entertainment / Buena Vista International / MGM
Direção: Martin Campbell
Roteiro: Neal Purvis e Robert Wade, baseado em livro de Ian Fleming
Produção: Barbara Broccoli e Michael G. Wilson
Música: David Arnold
Fotografia: Phil Meheux
Desenho de Produção: Peter Lamont
Direção de Arte: Peter Francis, James Hambidge, Steven Lawrence e Dominic Masters
Figurino: Lindy Hemming
Edição: Stuart Baird
Efeitos Especiais: The Moving Picture Company

Elenco
Daniel Craig (James Bond)
Eva Green (Vesper Lynd)
Mads Mikkelsen (Le Chiffre)
Judi Dench (M)
Caterina Murino (Solange Dimitrios)
Jeffrey Wright (Felix Leiter)
Giancarlo Giannini (Rene Mathis)
Ivana Milicevic (Valenka)
Simon Abkarian (Alex Dimitrios)
Isaach De Bankolé (Steven Obanno)
Claudio Santamaria (Carlos)
Jesper Christensen (Sr. White)
Tobias Menzies (Villiers)
Clemens Schick (Kratt)
Emmanuel Avena (Leo)
Joseph Millson (Carter)
Sebastien Foucan (Mollaka)
Ludger Pistol (Mendel)
Malcolm Sinclair (Dryden)