10.9.07

O Ultimato Bourne
[ou: um é pouco, dois é bom, três é excelente]

Na remota possibilidade de que um dia minha vida se transforme em um roteiro de cinema, deixo aqui o recado: quero, na trilha da minha cinebiografia, Adiós Nonino, com Astor Piazolla, e prefiro um dos dois seguintes diretores para dirigi-la: Fernando Meirelles ou Paul Greengrass. Digo isso depois de ver o que Greengrass fez com O Ultimato Bourne, o filme que salva a idéia da moda no cinema, que são as trilogias. Ou, pelo menos, mostra que não necessariamente existe sempre a síndrome da terceira filmagem, na qual o primeiro filme é excelente, o segundo até que vai e, o terceiro, ai que sono.
Um ou outro purista vai dizer que a câmera nervosinha de Paul Greengrass devia tomar um Lexotan de vez em quando. Mas, no caso do Ultimato, deixa ela estar lá, correndo atrás de Jason Bourne mundo afora, que está muito bem. E olha que Jason Bourne corre, e muito. A Europa é uma cidade do interior de Rondônia para Bourne, que vai de Moscou para Praga, de Praga para Roma, de um lado para outro, como quem vai de casa ao centro da cidade comprar umas cuecas em promoção.
E Jason Bourne? Bem, Jason Bourne não faz gracinhas com uma granada na boca, como John Mclane, nem mata seus inimigos com uma traquitana pardaliana em uma mão enquanto passa a outra mão na bunda da oferecida de plantão, como o “old” Bond; nem tem músculos de Rambo, nem capa vermelha nem roupinha brega de super-herói. Ele, o nosso Bourne, não sabe direito quem é, nem porque faz o que faz, nem porque sabe o que sabe, nem porque tem de fugir de tanta gente.
E em o Ultimato Bourne a história desse cara meio caladão, que não dá um sorriso sequer em todo o filme, se fecha de maneira bastante verossímil (claro, dentro do que pode e deve ser verossímil no cinema) e, de forma estranhamente agradável, se fecha sem se encerrar. Tudo está bem arrumadinho no roteiro, tudo se encaixa bem gostosinhamente, e a gente até perdoa um certo ar maniqueísta na disputa entre os dois diretores da CIA: um quer matar o Bourne, e é o agente mau; a outra quer salvar o Bourne, e é a agente boa, o lado mamãe dos defensores da pátria americana. Está perdoado. O Ultimato é tão, mas tão bom de se ver, que se mexesse, estragava. Porque, se fosse absolutamente perfeito, seria um saco. A vida não é perfeita. Porque um filme de espionagem deveria ser?
A trilha. Sim, a trilha. Ao contrário de boa parte dos filmes, onde a trilha segue o ritmo da ação, aqui a trilha parece comandar a ação. Enerva, irrita, tensiona, relaxa, alegra. Tudo na hora adequada. Se não tem uma canção poderosa, daquelas que a gente sai cantando, melhor. Não é videoclipe, é cinema. E John Powell acertou a mão e fez uma trilha realmente de cinema. Que chama a atenção sem se sobrepor. Que acompanha sem ser rebocado pelo filme. Primorosa.
Li, ou vi, ou ouvi em algum lugar, que Jason Bourne não deverá entrar para a galeria definitiva dos super agentes ou dos super qualquer coisa. E que a Trilogia Bourne não será mitológica como os Rambos I, II, III, IV, V, ou os 007, ou Die Hard. Pode até ser. Mas a Trilogia Bourne e, em especial, O Ultimato Bourne, vai entrar, sim, na galeria dos filmes que não se deve perder de jeito nenhum, porque se as trilogias que estão aí costumam acabar com ar de que deviam ter parado no primeiro, mesmo, Jason Bourne se vai (até segunda ordem) dando na boca um gostinho de quero mais porque está ótimo.

Ficha Técnica

Título Original: The Bourne Ultimatum
Gênero: Ação
Tempo de Duração: 111 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2007
Site Oficial: www.thebourneultimatum.com
Hot Site: www.adorocinema.com/hotsites/bourne
Estúdio: Universal Pictures / Ludlum Entertainment / Bourne Again / The Kennedy/Marshall Company
Distribuição: Universal Pictures / UIP
Direção: Paul Greengrass
Roteiro: Tony Gilroy, Scott Z. Burns e George Nolfi, baseado em estória de Tony Gilroy e em livro de Robert Ludlum
Produção: Patrick Crowley, Frank Marshall e Paul Sandberg
Música: John Powell
Fotografia: Oliver Wood
Desenho de Produção: Peter Wenham
Direção de Arte: Grant Armstrong, Robert Cowper, Peter James, Andy Nicholson, David Swayze, Jason Knox-Johnston e Sebastian T. Krawinkel
Figurino: Shay Cunliffe
Edição: Christopher Rouse
Efeitos Especiais: The Senate Visual Effects / Snow Business / Lip Sync Post

Elenco
Matt Damon (Jason Bourne)
Julia Stiles (Nicky Parsons)
David Strathairn (Noah Vosen)
Scott Glenn (Ezra Kramer)
Paddy Considine (Simon Ross)
Edgar Ramirez (Paz)
Albert Finney (Dr. Albert Hirsch)
Joan Allen (Pamela Landy)
Tom Gallop (Tom Cronin)
Corey Johnson (Wills)
Daniel Brühl (Martin Kreutz)
Joey Ansah (Desh Bouksani)
Colin Stinton (Neal Daniels)
Dan Fredenburgh (Jimmy)
Lucy Liemann (Lucy)
Chris Cooper (Alexander Conklin)
Brian Cox (Ward Abbott)

5 comments:

Phylippe said...

adrenalina pura!

neste segundo semestre, ninguém foi melhor!

Unknown said...

amei o filme. e é porque num vi os dois primeiros. e agora? se for ver, vou me decepcionar? sei que deu fome desse tipo de filme. concordo em genero, numero e grau! ah! e em trilha sonora, com você...

gustavo said...

dos melhores desse ano.

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